Hoje
domingo, como quase todos os outros domingos, no qual, não se têm muita coisa
para fazer, encubo-me neste dia o trabalho de escrever, de relatar e
confidenciar a “vida”. Alguns neste dia
nefasto e provido de ociosidade, repousam em suas poltronas se engendrando na
programação de domingo, que por sinal não é nem um pouco convidativa. Eu sendo
fadado a fazer a mesma coisa, vou à empreitada, buscando sempre ver o lado ruim
da programação.
Neste domingo foi diferente,
despojado em meu sofá vendo um programa que não vem ao caso lembrar o nome,
ouço um carro anunciando que haverá espetáculo à noite no circo que está na
cidade. Como não há nada de bom para fazer, estarei no picadeiro esta noite,
onde será o momento do encontro e o da partida...
O circo estava com sua tenda
montada no parque de exposições, chegando ao local, avistei uma fila destinada
à venda dos ingressos, que por sinal não era muito caro. Após fazer a aquisição
do ingresso procurei adentrar para encontrar um lugar que tivesse uma boa
visibilidade e que eu pudesse ouvir sem dificuldade. As pessoas começaram a
chegar e ocupar os lugares que estavam vagos na arquibancada, cerca de 20
minutos foi o bastante para que toda a arquibancada estivesse ocupada. O espetáculo se iniciou com as luzes
apagadas, apenas um neon que destacava a cor branca, tornando-a roxo fluorescente.
Pessoas que não via, devido à escuridão, entram no picadeiro com tecidos
brancos fazendo gestos que nos remetem a ideia de serem borboletas. Após
abertura, as luzes são acesas, vejo os integrantes do circo vendendo guloseimas
e brinquedos, todos trazem em seu olhar sua insigne.
O palhaço com um sorriso
pintado na face, mas com uma tristeza estampada na alma; a trapezista depois de
fazer sua apresentação e receber uma salva de palmas, dá um sorriso que
significa “obrigado por nada”, ela coloca um roupão e começa a vender uma
bolinha que tem um elástico para ser lançada, parece estar preocupada com algo;
o “homem-aranha” fez seu show efêmero, mas foi ovacionado pelo público,
continuando com seus outros ofícios após a breve apresentação; um homem
auxiliado por sua esposa anda na corda bamba, seus dois filhos estão no
picadeiro, o mais novo tinha cerca de um ano e o mais velho uns três anos. O
intuito é desviar o foco da sua apresentação, após seu show ele vai embora com
a sua família, o locutor anuncia a última apresentação – o globo da morte – que
por sinal deixou todas as pessoas em frenesi, mas eu fiquei receoso com medo
que de acontece-se algo ruim.
Enfim... Chegou-se ao fim,
todos vão se retirando do recinto e indo para suas respectivas casas. Enquanto
isso o público vai conversando, sorrindo e o palhaço se despindo da maquilagem,
e guardando a sua felicidade, mas que na verdade não existe felicidade é tudo
“falsa realidade”. O povo do circo alegra as pessoas na sua amargura, não
possuem casa e nem cidade, estão aqui simplesmente de passagem. Amanha é outra
cidade, outra realidade. São nômades da atualidade.
Este foi um domingo que
analisei um pouco mais sobre a realidade infinda...
Tiago de C. Braga