segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O Dia Adiado

Domingo por volta de quinze horas, estava eu sentado na varanda de minha casa fumando um cigarro. Ouço uma voz estridente a gritar por socorro, continuei sentado na cadeira de balanço e olhei para os lados, mas não vi nada, desinquieto por não saber o que era, levantei para averiguar o que estava acontecendo. Enfim, vejo uma mulher em desespero a gritar. Não queria ajudar-la pois o sofrimento sempre trás algo de bom para nossas vidas, mas surgiu em mim um espírito “altruísta” e descido ajudar a pobre mulher. Desci a escada da varanda abri o portão e fui de encontro a mulher, e lhe perguntei:
- O que houve minha senhora?
- Minha filha não esta respirando, acho que ela esta engasgada!- respondeu-me  demonstrando fadiga.
- Quantos anos ela tem?
- 1 ano.
- Leve-me onde ela está, tenho um curso de primeiros socorros talvez eu possa ajudar.
A mulher sem nem mesmo perguntar o meu nome, levou-me onde estava sua filha. O local onde a criança estava era uma praça, cerca de cem metros da minha casa. Quando chegamos, vi sua filha nos braços de seu pai a sacudi-la desesperado. Disse ao homem:
- Calma senhor, verei o que eu posso fazer!
- Cuidado com minha filha moço!- Preocupado por deixar um estranho examinar sua filha.
Peguei a pequena menina em meus braços e deitei-a de bruços no chão, a primeira coisa que eu fiz, foi checar os batimentos cardíacos. O ritmo cardíaco estava lento e não respirava. Virei a de costas sobre o meu braço esquerdo e com a palma de minha mão dei duas pancadas leves em suas costas, a menina abriu os olhos e voltou a respirar. Os pais pegaram a menina e abraçaram-na demonstrando amor e afeto.
Os minutos passaram e eu fiquei observando a cena sem demonstrar nenhum sentimento, olharam param mim e me  disseram:
- Muito obrigado moço por ter salvo a vida de minha filha. Qual o seu nome?
- Mário, não precisa agradecer!
- Sr. Mário muito obrigado por ter salvo a vida de minha filha!
- Não salvei a vida de sua filha, apenas adiei o dia de sua morte...
Me virei e caminhei em direção a minha casa, como se  não tivesse ocorrido nada.  A existência e a inexistência das pessoas não depende do nascer e viver, mas sim da luta contra sua não existência, ou seja, não fazer nada de bom para não ser lembrado.
                                            
                         Tiago Braga

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